quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Meu filho especial


Foto da Dra. Nise da Silveira

Temos observado crescer a freqüência às Casas Espíritas dos chamados portadores de deficiência mental. Mais por intuição que por experiência, o trabalho de evangelização com esses irmãos tem sido difícil por falta de uma concreta diretriz calcada em experimentos.

Os evangelizadores oferecem carinho e atenção, na esperança de levarem alguma paz a essas almas combalidas. Os pais, quando não os abandonam, apertam seus laços afetivos, procurando protegê-los da exclusão ou piedade social. Esses jovens, em sua grande maioria, apresentam comportamento agressivo e inadequado socialmente. Os pais acabam por mimá-los ou escondê-los. Como educá-los, e mais, como evangelizá-los?

Ainda não foi apresentada uma solução definitiva de evangelização para esses irmãos. Na maioria das vezes são oferecidas atividades lúdicas, complementadas pelas primeiras orientações do Evangelho de Jesus. Seja qual for o roteiro oferecido, o resultado é sempre favorável, acalmando o espírito rebelde, bem como suas companhias espirituais.

Talvez, parte da resposta possa ser obtida no caso da jovem Helen Keller que nasceu cega, surda e muda. Sua incapacidade de se comunicar a tornou uma pessoa violenta e de difícil convívio social. Seus pais pediram ajuda ao Instituto Perkins que lhes enviam uma professora chamada Anne Sullivan, ela também com deficiência parcial na visão. Juntas, com muita persistência, dedicação e amor, elas vão conseguir quebrar as barreiras que impedem a menina de levar uma vida normal. Bem, isso as casas espíritas já fazem, mas falta algo, falta evangelizar os pais, ensinar-lhes a educá-los.

Recentemente recebemos do Espírito Nise da Silveira, uma orientação amorosa que veio adoçar os corações dessas mães corajosas e desejosas de respostas. Como a doutrina preconiza, a criança mantém obliterada as reminiscências do caráter da outra vida até por volta dos sete anos, a fim de permitir aos pais uma nova educação. Depois dessa fase, a lembrança moral do passado volta à tona, chegando à pré-adolescência uma criatura que ainda não sabe direito quem é. Ela procura isolar-se em busca de si mesma, pinçando no passado e na educação do presente as bases morais para a formação do novo cidadão. Se a educação dos pais foi sedimentada em experiências de bons exemplos, ela tornar-se-á um novo ser humano, cunhado na educação familiar, deixando para trás os traços que o impeliam a comportamentos menos dignos. Do contrário, ela permanece tal como antes, sem progresso.

Dra. Nise diz que esses irmãos são espíritos de difícil aprendizado. Como o Pai não abandona ninguém, permite que voltem ao educandário terrestre, numa existência em que permanecerão por toda uma existência com a idade mental de criança, aprendendo de forma mais lenta, como necessitam, as lições que não puderam apreender em outras oportunidades.

Portanto, esses jovens necessitam de muito carinho, como qualquer criança, pois são crianças presas em corpos diferentes e com comportamento de crianças. Mas todo o cuidado é pouco, pois a influência dos hormônios e a convivência com pessoas despreparadas os levam a comportamentos inadequados. A casa espírita tem um papel preponderante na educação dessas almas, mostrando aos pais a verdadeira face da realidade dos seus filhos, eliminando a idéia de castigo de Deus que sempre os isolou e trazendo-os para próximo dos demais, numa tarefa de reaprendizado permanente, paulatino, onde forças inquebrantáveis são necessárias, como somente essas mães possuem.

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